Por Vitória Benício

 

Como toda guerra, marcas são deixadas nas ruas e construções das cidades, e além da falta de luz, água e comida, muitos jovens acabam sendo obrigados a servir no Exército. É o caso do refugiado Mazen Sahlie, 22 anos. Ao perder alguns dos seus amigos para guerra, decidiu fugir da Síria para o Brasil e construir uma vida em que pudesse tomar suas próprias decisões. Tomado pelo orgulho de sua pátria, trouxe consigo um pouco da sua cultura e na culinária árabe encontrou uma forma para recomeçar.

Nascido em Tartus, o segundo maior porto do litoral sírio, Mazen fugiu da sua terra natal, com 20 anos. “Minha cidade teve algumas complicações por causa da guerra, mas foi pior em Alepo. Também cheguei a ver muitas construções destruídas em Damasco, capital da Síria. Por isso, fui embora”, relembra. De acordo com o Observatório Sírio, em 2016, a cidade de Mazen sofreu três atentados, porém, o ataque mais violento ocorreu em uma ponte, onde havia diversos carros e ônibus. 

Barraca onde Mazen vende comida árabe feita por ele e seus amigos. (Dennis Méier Júnior)

Sozinho, em um país desconhecido, sem saber falar português, longe da família e com apenas alguns pertences trazidos de casa, ele foi um dos refugiados acolhidos pelo empresário Taj Din. “Eu trabalhava muito no restaurante dele e ganhava um salário. Depois, resolvi ter meu próprio negócio”, explica. Durante o tempo em que esteve no Camelo’s, ele conseguiu emitir os documentos indicados pelo o Comitê Nacional para Refugiados (Conare), no que garantem ao refugiado acesso à justiça, educação, saúde, condição de igualdade, direito à vida, liberdade e segurança. Mazen segue trabalhando e sendo dono do seu próprio futuro, dessa vez, sem guerra e violência.