A Redação

 

Em artigo publicado na revista Época, aquele que se chama pastor semeia intolerância e julgamento contra alguém que têm dado sua vida e sua saúde não apenas em nome da fé, mas em favor de pessoas reais, muitas sem voz em uma sociedade que defende a cultura sobreposta à vida.

Ele lamenta, resiste, e diz sentir em seu coração que “Deus nada tem a ver com isso!”. Ainda bem que os que de fato procuram a Verdade em amor e a justiça sabem que o coração é enganoso e não se deixam guiar por ele.

Em seu texto “recheado de amor”, Henrique Vieira diz que pode “não concordar com nenhuma palavra da Ministra, mas sempre defenderá sua integridade física e emocional”. “É louvável”, seu artigo demonstra a sinceridade de suas palavras.

O dito teólogo, afirma que os registros em seu artigo “apontam para uma gestão sem qualquer nível de sensibilidade humana e empatia diante do sofrimento dos mais vulneráveis”. Quando afirma isso, ele está falando sobre uma mulher que escolheu lutar por crianças indígenas, enterradas vivas por nascerem com a saúde debilitada, algum tipo de deficiência ou apenas por serem gêmeas.

Um “tipo” de gente que a justa sociedade pensa não precisar de interventores, afinal, quem se importa com a vida indígena? Quem seria mais vulnerável que um recém-nascido enterrado vivo apenas porque sua cultura não teve acesso a informações específicas ou tratamentos básicos? O certo é continuar o infanticídio ou oferecer à essa cultura o subsídio que ela precisa para manter o que há de bom e acabar com o que fere a integridade humana? Direitos Humanos não valem para todos?

O tal autor julga que a Ministra Damares Alves “usa o nome de Deus como capital político, trampolim para promoção de uma moral fria, indiferente e que certamente mataria Jesus em seu próprio nome”. Esse mesmo autor parece ter autoridade para falar sobre Deus, afinal, é teólogo, estudador, se diz pastor — assim como a Ministra é, porém, “detentor da verdade libertadora que os fanáticos crentes religiosos não têm acesso”.

Esse ser iluminado ignora a dedicação de uma pastora que não se contentou em ficar entre as quatro paredes da igreja e tem caminhado dia após dia ao lado de pessoas que são marginalizadas, excluídas e desrespeitadas em sua integridade. Alguém que foi fiel no pouco, e hoje é fiel no muito, trabalhando pela justiça e com justiça. Mas quem quer justiça onde, antes, não havia nem sombra dela? A luz incomoda quem anda no escuro.

Ela ainda continua e insiste que “trata-se de uma visão fundamentalista que não respeita a diversidade, não apresenta compromisso com a democracia e impõe um projeto de poder político-religioso violento”. Ora, será que este grande escritor também é refém de manchetes e não investiga conteúdos? Ou é isso ou ele simplesmente escolhe ignorar a fala mais escondida da Ministra em todos os tempos: “Se precisar estarei nas ruas com as travestis, se precisar estarei na porta da escola com as crianças que são discriminadas por sua orientação sexual”, ela disse. Mas é claro, “isso a Época não mostra”.

Entretanto, veja só (mas não veja na Veja, que essa está desacreditada até por aqueles que concordam com Vieira), o que mais poderíamos esperar de alguém que escreve para uma Revista capaz de oferecer gasolina à indígenas em troca de entrar desonestamente em uma aldeia no Xingu e disseminar mentiras escabrosas? Mentiras essas, desmentidas pela protagonista da história, que nem ao menos foi ouvida pelos “justos profissionais da comunicação” (leia-se marketing). Que Época vivemos…

Que espécie de jornalista é essa? Essa que usa da profissão que lhe foi confiada para promoção de Justiça e Verdade para denegrir à imagem de uma mulher que nem ao menos conhece, apenas julga, talvez por ser de Direita, talvez por ser parte do Governo Bolsonaro, talvez por ser pastora. Talvez por que — infelizmente — a mídia “não apresenta compromisso com a democracia e impõe um projeto de poder político-ideológico violento”.

Violento à ponto de usar seu poder, chamado “O Quarto Poder”, como “capital político, trampolim para promoção de uma moral fria, indiferente e que certamente mataria pessoas, bebês, crianças indígenas em seu próprio nome”. E o faz, sabendo que o poder que tem é gigante.

Mas se posso dizer algo ao justíssimo autor, digo apenas isto: Nenhuma casa construída na areia ficará em pé. Nenhuma injustiça ficará impune e nenhuma ideologia política irá se sobrepor ao grito de socorro dos vulneráveis. Com a medida que medes, serás medido. O Jesus na goiabeira pode não ser elegante e nem agradável, mas é real. Com os pés sujos de barro e as mãos calejadas de subir em árvores, ele continuará defendendo àqueles que são dia após dia silenciados por quem considera seus altos saberes superiores à vida dos inocentes.

E sobre dizer que “o Brasil precisa de uma Ministra melhor que Damares”, sinto te desapontar. O Brasil precisa de uma imprensa melhor, comprometida com a verdade, a justiça, a dignidade humana, que faz uso de seu ofício para esclarecer a população, não para impor ideologias baseadas em interesses e mentiras.  O Brasil precisa de pessoas que somem ou multipliquem, não que dividam, muito menos que subtraiam.