Reportagem: Lú Santos/GNI
Fotos: Lú Santos/GNI

Reportar a situação vivida pela população de Barra Longa em Minas Gerais vai além de informar uma tragédia. Trata-se de calçar botas e, munido de uma pá ou enxada, lado a lado com a comunidade ouvir suas histórias e juntos buscar reconstruir suas vidas. Muito além do barro que consumiu tudo – móveis, casas – são histórias que foram levadas na enxurrada de lama. Ao olhar para cada pai, para cada mãe, pode-se ver em seus olhos a dor da perda, mas cada suor e lágrimas derramados, mostram que não vão desistir de lutar pela vida e que, custe o que custar, irão recomeçar, porque é assim que o brasileiro faz! Cai e levanta, mas jamais desiste de viver.

Lado a lado com seu José, ouço sua história. Nascido em Barra Longa-MG, viu sua casa e fazenda,acabarem em questão de minutos na lama avassaladora, sem tempo de resgate. Mas ele segue, com seu rosto sulcado pelas marcas do tempo e do trabalho árduo, mostra que continua lutando. Enquanto isso, sua esposa – dona Soninha – relata que o lugar, outrora motivo de alegria pela beleza existente, agora é uma paisagem desoladora, mas que ali está sua história e, por isso, continua. Não por apego, mas pela persistência de quem tem fé pra recomeçar.

A câmera é deixada de lado e, depois de passar por uma espessa camada de lama, chego até o Sr. Fernando e sua família, que estão acampados no que sobrou de sua casa. Com lágrimas nos olhos relata que no meio da madrugada foram acordados com a força da lama, que destruiu tudo o que encontrou pela frente. A família está desabrigada, sem ter agora onde morar – porque o que sobrou não tem mais condições de habitação, Maria Conceição, esposa de Fernando, conta que não desiste porque precisa cuidar de seus filhos, entre eles, um bebê de poucos meses de vida, que tem sido a motivação para a persistência de recomeço da família.

Equipes de voluntários estão cooperando na retirada de lama das casas, limpeza de ruas, igrejas, escolas e demais necessidades como doações de cestas básicas, roupas, utensílios domésticos e apoio moral e espiritual. O que se vê é a união pelo propósito de reerguer a cidade e sua história. São equipes de Bombeiros, Defesa Civil, ONGs como Jovens Com Uma Missão (JOCUM) de Maringá-PR, Belo Horizonte-MG e Contagem-MG, Igreja Batista de Belo Horizonte e cidadãos locais. Todos têm o mesmo alvo: ajudar ao próximo. É assim que se vencem as crises, com união e atitude.